domingo, 8 de dezembro de 2013






caminhando




Hoje fui acordado por vozes, gritando ao meu ouvido. Falando palavras de ordens bem simpáticas:
-- Levanta vagabundo!
-- Sai dessa cama, seu pilantra. Vai fazer alguma coisa.
E algumas era uns xingamentos, que não cabem nesse texto. Acho desnecessário.
Imediatamente, segui o conselho, fui fazer uma caminhada de quase três horas. 
E isso me fez muito bem. 
Caminhar me faz bem. 
Tenho caminhado muito ultimamente. 
Além de diminuir um pouco o meu peso. 
Serve pra eu pensar na vida - mais ainda.
 Além de permitir contemplar lugares, que não costumo reparar. 
Faço caminhada em lugares diferentes. 
Vario muito. 
São nesses momentos, apesar da doença, que eu posso ter um caminho 'normal' de vida.
 Que dentro de mim, poderei descobrir esse caminho. 
E melhor ainda, sei que posso contar com minha família, meus amigos, e todos demais que queiram me ajudar.
 Mas a principal pessoa que pode fazer isso comigo, sou eu mesmo. 
Portanto, há esperança. 
Há esperança.
 Só preciso continuar caminhando, mesmo quando eu tiver vontade de parar.
 De recuar. 
É pra frente que se vive.

sábado, 7 de dezembro de 2013


um poema que li por aí

Metade
(Caroline Bespalec)

“Não passe sua vida sendo metade do que deveria ser. Sonhos podem sim se realizar. Nunca se subestime. Lute pelo que é correto. Guardar sentimentos dentro de nós só nos deixa doentes. O amor bate em nossas portas de maneiras e formas diferentes. Amar demais nunca é demais, amar de menos é demais. É necessário ouvir a voz do coração. Honestidade é tudo. O caráter é essencial. Abra os olhos para as coisas que realmente importam, descarte o restante. São poucos os que você pode depositar sua confiança, mas esses poucos estarão sempre com você e de uma forma ou outra devem sempre ser lembrados. Não faça da rotina um estilo de vida. Busque novos horizontes. Faça novas descobertas. Ás vezes é preciso mudar. E o mais importante: seja sempre você, e não passe sua vida sendo metade do que deveria ser.”

nem tudo esta lá


A partir do momento que você se dá conta de que é um esquizofrênico - num próximo tópico, relatarei qual foi a minha reação ao saber do diagnostico, tudo se transforma. 
Descobre-se que se faz parte de um mundo novo, um mundo muitas imaginário. Nem tudo o que se vê é real. E como saber? Como saber se o que esta acontecendo ao nosso (meu) redor é real. Aquela pessoa que vem na minha direção balbuciando algo é real.
Aquela moça que sorriu pra mim, é verdadeira. 
Se ando acompanhado, frequentemente pergunto, se há alguma coisa adiante ou próxima de mim. Há as visões que identifico imediatamente, elas flutuam. Portanto, é a minha cabeça 'brincando' comigo. 
Durante um longo período da minha vida, recusei-me sair de casa para evitar tais encontros. Me tranquei ainda mais no meu mundo. Me afastei de todos e tudo. E tudo e todos, com o passar do tempo, se afastaram também. Me acostumei com a situação. Não fossem as redes sociais, viveria eternamente na caverna em que me coloquei. 
As coisas mudaram e muito. E espero ainda muitas mudanças. 
O caminho não será fácil. As pessoas dizem, mato um leão por dia. Não é questão de matar um leão por dia, e sim, de conviver com ele, já que ele não morreria tão fácil. Este leão, que pode ficar manso por muito tempo, mas mesmo quieto, mesmo manso, sempre será um leão. E por enquanto, ele esta quietinho, caminha comigo, não mexe comigo e nem eu, mexo com ele. Caminhamos juntos. E que seja por um bom tempo. Ah, só pra concluir, eu não vejo esse leão. Mas ele me enxerga, muito bem, cada passo meu.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013




É proibido chorar ficar triste. 
A sociedade prega a felicidade a todo custo. 
A realização plena. 
Nas redes sociais: pessoas sorrindo, felizes, de bem com a vida. 
A vida deu certo pra elas. 
Mesmo porque, qual a graça de 'compartilhar' a tristeza? 
Tristeza não dá ibope.E para não destoar usamos nossas máscaras de alegria.
 Mostrando que tudo vai bem. 
E se por ventura, você demonstrar tristeza, torna-se logo um reclamão, um chato.
 As pessoas se afastam. 
E aos poucos, você vai sendo esquecido (vou sendo esquecido). 
Quem mandou tirar a máscara da alegria?
 Ah, é um preguiçoso que não corre atrás do que quer, apontam alguns.
 Não quer nada com nada, dizem outros.
 E sequer perguntam o que esta acontecendo... 
Apenas julgam. 
E eu penso. 
Eu penso? 
No que eu penso, cercado por tanta felicidade? 
Por que a tristeza não vai embora... 
Pode até me visitar com frequência, mas não morar em mim. 
Se tudo passa, chegou a hora dela passar.
Dar um tempinho de mim...

O Começo de Tudo



ilusão de ótica



Não me recordo o dia exato, creio que foi entre o ano de 2002 e 2003 - em 2001, adquiri uma dor de cabeça crônica, que falarei mais a frente -  em que comecei a ver coisas. Lembro-me bem que eram pontinhos negros que saiam detrás de quadros, detrás das estantes, saiam e simplesmente desapareciam.
Tentei ignorar, mas cada vez mais foram ficando frequentes.
No principio essas visões só aconteciam em casa, mas começaram a ocorrer na casa de amigos, ou em qualquer outro lugar que eu estivesse e foram aumentando de tamanho.
Fui pesquisar, e cheguei a conclusão que esta tendo algum problema ocular, o que alguns oftalmologistas chamam de 'moscas volantes', muito comum após a leitura, ou quando se olha fixamente por muito um ponto fixo.
Mas essas visões não pararam, e foram aumentando, esses pontos negros se juntavam e se transformaram em bolas enormes.
Isso começou a me assustar.
E me provocava uma forte dor de cabeça.
Fiz novos exames, e nada foi esclarecido.
Aquilo tudo era só um começo.
A ponta do iceberg.


quinta-feira, 5 de dezembro de 2013


Cotidiano Esquizofrênico






Eu sou esquizofrênico, e serei assim por toda minha vida. Por toda minha vida.
Mas ela, minha vida, não precisa ser esquizofrênica.

A luta é diária. Incansável. E necessária.
Aqui relatarei o meu dia dia, meus perrengues,minhas vitorias, minhas crises, meus surtos, minhas lágrimas, meus sorrisos,
 minha vida.